sábado, julho 03, 2004

 

Buzina, Tuga, buzina!

Dá até a ideia que os portugueses compram carro para poderem buzinar pelas ruas sempre que acham motivos para festejarem. Sinceramente, acho que isto tem sido tão desproporcionado como as bandeiras em todas as fachadas. Soa a falso (as bandeiras vão lá ficar depois de acabado tudo isto, por mero esquecimento), sobretudo quando é repetido tantas vezes (as vitórias do Porto, do Benfica e agora da selecção nacional). Pode achar-se que é ser-se do contra, é antes ser-se crítico em relação a estes comportamentos, por uma questão de lucidez: festejar à buzina dá uma ilusão de solidariedade nacional na causa da selecção de futebol, causa essa aliás duvidosa porque apenas reflecte os automatismos da massificação (que o Scolari e a Federação tão bem manipulam), quando afinal não passa de mais uma forma de exibicionismo, ruidosa ainda por cima.

A dura realidade do aperto das Finanças a um país intrinsecamente caloteiro, da frustração de não contarmos para nada na cena internacional, do vazio das nossas vidas por tudo e por nada à frente duma televisão, de viver no medo de não poder pagar as múltiplas prestações que todos os meses batem à porta de quem pretende viver além daquilo que pode pagar, desemboca nesta patética evasão buzineira -- talvez herdada dos buzinões junto aos guichets da ponte de Almada para Lisboa, que foram o princípio do fim do cavaquismo mas não trouxeram nada de positivo, e pela negativa deixaram um rapaz inválido.

O que quero dizer aqui é que todo este aparato buzineiro é uma moda inconsequente, uma reles mania de fazer barulho para não escutar o ruído de fundo da miséria que nos é própria. Eu não buzino, mas não deixo de padecer dos outros males colectivos. Gostava é que houvesse outras maneiras de dar a volta por cima, mais construtivas. A selecção de futebol pode emocionar-nos com os seus sucessos e insucessos, mas estes não são nossos mas sim da Federação e do futebol português, e por isso não é através deles que nos devemos sentir melhor ou pior.

Mas vamos torcer por eles na final, cambada. Eu depois meto-me debaixo do lençol (não dá para cobertores neste calor!) para não ter que ouvir os carros a buzinar.

segunda-feira, junho 28, 2004

 

vivam os checos

Cheguei a recear que o jogo dos checos com os dinamarqueses fosse repetir a pasmaceira dos anteriores onde passaram a Grécia e a Holanda. Mas o massacre dos dinamarqueses afinal veio, como seria de prever, pois a República Checa trouxe o até agora melhor futebol.

Como os portugueses estão a aprender à medida que vão jogando (afinal agora até é a sério...), é bem possível que seja uma final Portugal - R. Checa, uma expectativa empolgante para coroar um muito agradável campeonato.

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